terça-feira, 22 de novembro de 2011

Escola da Ponte, um exemplo inspirador

Pelo terceiro ano consecutivo fiz a cobertura do Congresso Internacional de Inovação, da Fiergs – um evento já tradicional que traz palestrantes de diferentes países para falar sobre inovação, com teorias e casos práticos relacionados ao tema. Nesses três anos, uma das apresentações que mais me chamou a atenção foi a Escola da Ponte, uma unidade de ensino nada tradicional de Portugal, apresentada por um dos fundadores José Pacheco. Lá, os alunos não são agrupados de forma padronizada, por idade, séries e turmas, como acontece na maior parte das escolas, se reúnem a partir de interesses comuns e aprendem na prática lições como geometria espacial, cálculos, língua portuguesa, história... Por se tratar de uma instituição pública, aceita todo tipo de aluno, especialmente os ditos “casos perdidos” e é uma das mais bem avaliadas em Portugal. No local, todos aprendem, inclusive os professores, a troca de informação não é unilateral, é multilateral.

No Congresso, Pacheco comentou sobre o caso de três meninos, vindos da Febem – presos por roubo e estupro – que chegaram à instituição tachados como “casos perdidos”. Chegando lá, foram questionados sobre o que gostariam de fazer. Disseram que adoravam pássaros e desejavam de construir um aviário para alojá-los. Foram incentivados a botar a mão na massa. Primeiro, decidiram quantos animais seriam colocados no local, para que, depois, procurassem a professora de matemática, que os ensinaria como calcular a área necessária. Depois, fizeram orçamento dos materiais que seriam utilizados para a elaboração. Construíram o local e depois apresentaram para todos os colegas, que os aplaudiram. Nunca mais cometeram crimes. Ou seja, casos perdidos que foram reinseridos na sociedade, em vez de permanecerem na marginalidade. Enfim, a Escola da Ponte deixa uma lição de que tudo pode ser diferente e mais prazeroso. No mesmo congresso, também foi apresentado o programa One Laptop Per Child, que já é conhecido, e sobre o qual pretendo escrever em uma próxima oportunidade...

Infelizmente, as escolas brasileiras e, claro, de outros países, públicas ou privadas, ainda preparam os alunos para decorar matérias e passar no vestibular, e só. O pior é que, apesar do foco no ensino superior, apenas cerca de 10% da população têm acesso a ele. Então, de que adianta? Alguém lembra das fórmulas de química, do Movimento Retilíneo Uniforme, da física? Não que isso seja pouco importante, o problema é que apenas decoramos, muitas vezes, não compreendemos e com o passar dos anos, esquecemos. Estamos ai, com déficit de profissionais em áreas técnicas, mas seguimos insistindo em capacitar para a universidade. Temos muitos graduados em diversas áreas, frustrados, porque foram sempre incentivados a ter o curso superior, muitas vezes, sem nem saber porquê.


José Pacheco, um dos fundadores

Um comentário:

Mari Tochetto disse...

Fiquei procurando o botãozinho de Curti. Rsrsrs. Esse tipo de experiência me dá esperança de que o mundo ainda tem jeito.