quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lembranças...

Tô saudosa! Essa semana pensei bastante no meu pai - que me inspirou para dar nome a esse blog. Como já disse, ele ficava indignadíssimo quando via gente circulando pelas ruas e corredores com térmica e cuia, tomando chimarrão, para mostrar que eram gaúchas com orgulho – coisa de gente "da cidade" na visão dele, no interior não era assim. Nascido em Barretos (SP), passou muito mais tempo vivendo por esses pagos do que por lá. Morou em Santo Antonio, Bagé e depois aqui no Portinho.

Eu com uns três anos e ele


Desde que ele se foi, há pouquinho mais de três anos, é assim. Tem períodos que penso mais, outros que menos, mas acho que não há um dia se quer que ele não venha à minha mente ao menos por 30 segundos. Sou suspeita pra falar, mas ele era uma pessoa de outro mundo - a mais honesta e uma das mais simples e tranquilas que eu conheci. Dois episódios que traduzem bem essas características.

Certa vez ele comprou um presente para minha mãe no O Boticário. Passados dois meses da aquisição, nada do cheque ser descontado. De tão correto, ele teve a ideia de ir até a loja e avisar que o cheque ainda não tinha sido descontado, que ele queria que o fosse. Onde já se viu comprar algo e não pagar?

Por um longo período ele, que tinha enfisema pulmonar, fez fisioterapia respiratória no Grupo Hospitalar Conceição, todas as terças-feiras. Neste grupo tinham muitas pessoas de baixo poder aquisitivo - não que a gente fosse rico, longe disso, mas eram pessoas bem humildes mesmo. Como ele não queria "aparecer" pras pessoas, sempre vestia as piores roupas para ir na fisioterapia e descia do táxi um pouco antes de chegar ao hospital. Só não ia de ônibus porque, realmente, a falta de ar o impedia. Era uma figuraça esse meu pai.

A pneumologista Dra. Suzana, que cuidou dele durante anos, disse que nunca teve um paciente tão tranquilo de lidar e tão dedicado ao tratamento como meu pai. Segundo ela, isso explica o fato de ele ter convivido 18 anos com a doença, que não tem cura.

Escrevo tudo isso porque não quero esquecer nunca e também pra compartilhar com o mundo quem foi meu pai, mesmo que poucas pessoas leiam.


Festa de 50 anos de casados papi e mami (2006). (nota-se eu e ele emocionados, hehe)



O véio e a véia no meu aniver e do Lu em 2007



Amo essa foto. Ele, como sempre, me cuidando

2 comentários:

Sidnei disse...

Ai dani, que lindo. Me fez chorar também e tb me fez rir, imaginei o pai lendo isto e dando aquelas gargalhadas que ele dava. Aprendi muito com ele também. Fico feliz sempre que penso que voltei pra casa a tempo de passar tres anos com ele. As vezes quase enxergo ele sentado na poltrona assistindo TV e tendo caimbras pra não ver as cenas de sexo na nossa frente. Beijão

Anônimo disse...

Dani, visitei teu blog, como às vezes faço e me deparei com essa declaração sobre teu pai... Fiquei com os olhos cheios d'água. Isso é que é amor e a última foto diz tudo... Simplesmente, lindo!!!! Bjs Natalia